Grandes momentos na história do engate I

Tudo tem uma história. Reis, conquistas e guerras sempre tiveram um lugar privilegiado nas aulas e em livros de História. Porém, existem aspectos importantes da nossa vivência de seres humanos que nunca estudamos na escola. Por exemplo, o engate. Apesar de que, sem engate, nunca haveria humanidade.
Propomo-nos aqui, no blog da Sensações, fazer uma história informal do engate. Como é uma história longa, decidimos dividi-la em suaves capítulos que terão (esperamos nós!) o prazer de acompanhar ao longo de várias semanas, ainda que eventualmente intercalada por outros temas de igual importância.
E se não existiria humanidade não fosse ter ocorrido o primeiro engate, vamos começar por aquele que é um dos mitos fundadores da nossa cultura: o de Eva e Adão.
Reza o Velho Testamento que, depois de Deus ter criado Eva a partir de uma costela de Adão, ambos andavam nus e sem vergonha pelo jardim do Éden. Apesar disso, parece que nada acontecia entre ambos (pela descrição da Bíblia, na verdade parece que mal falavam entre si). Além de muito bonito e fértil, o jardim não oferecia muitas distracções. Isto de passar o tempo todo a ver as plantas crescer e os pássaros a cantar tem muito que se lhe diga.
Eva certamente que deveria estar aborrecida. Quando a serpente, matreira, lhe sugeriu que comesse do fruto da árvore do bem e do mal, nem pensou duas vezes e dentada após dentada, lá foi uma maçã. Farta do silêncio de Adão, que já nessa altura os homens não deviam ser de muitas palavras, propôs-lhe que ele também desse umas trincadelas. Assim se aperceberam de que estavam nus e cobriram-se com o que encontraram à mão (folhas de figueira, pela descrição).
É certo que por tal feito foram corridos do paraíso e se tornaram mortais. Mas também é certo que foi só após toda a sequência da maçã que Adão e Eva finalmente tiveram relações sexuais (está na Bíblia. A sério!). Parece então que a decisão de Eva resultou em conseguir engatar o melhor homem que tinha ao dispor. É claro, que era também o único.
A grande questão que se coloca é: qual o verdadeiro interesse da serpente no meio disto tudo. Afinal, foi ela que sugeriu a Eva que tentasse o golpe da maçã. Quais os seus motivos? O que ganhou ela com isso? Seria uma serpente com vocação de casamenteira? Estaria ela também aborrecida com a vida no jardim do Éden? E que história é esta afinal de uma serpente que fala?
Fosse por que motivo fosse, não podemos deixar de agradecer à serpente. Afinal o animal até foi útil – sem ela não existiria humanidade, apenas um Adão e uma Eva imortais e chateados de morte a ver os dias passar num sítio muito bonito, mas sem nada de especial para fazer. Perdeu-se a imortalidade, mas ganhou-se o sexo. Parece-me um bom negócio. Não acham?
Proposta indecente da semana: Quais os motivos da serpente? Dê-nos a sua teoria sobre o que levou um réptil a mudar a história da humanidade. Ficamos à espera.
Fonte da imagem: www.artshole.co.uk/